terça-feira, 12 de outubro de 2021

“POIS TODOS VÓS SOIS UM SÓ EM CRISTO JESUS”

 


Reflexão sobre o Mês da Bíblia – 2021

 

Setembro: mês da Bíblia. Sendo que esse ano se comemora os (50) cinquenta anos, ininterruptos, em que a igreja se debruça em reflexão e estudo de um livro da Bíblia. Nesse ano o tema é a Carta de São Paulo Apóstolo aos Gálatas e o lema: “pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d), em sintonia com o que incentiva a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Apresento aos Agentes de Pastoral e Movimentos da Paróquia o material organizado por essa Coordenação, na esperança que possa ajudar a compreender um pouco mais sobre este escrito sagrado.

Iniciamos apresentando duas possíveis divisões desse livro, na intenção de facilitar o estudo e a compreensão, há outras, porém, não distancia das que serão aqui apresentadas. A primeira encontra-se na Bíblia do Peregrino e a outra conforme a Bíblia Sagrada – Tradução Oficial da CNBB.  

(1ª) SINÓPSE DA CARTA AOS GÁLATAS:

I.                    Parte autobiográfica (1,11-2,21)

1,11-24

Formação e vocação de Paulo

2,1-10

Paulo e os outros apóstolos: é reconhecido em sua missão.

2,11-21

Incidente com Pedro em Antioquia.

II.                  Parte doutrinal 3,1-4,31

3,1-14

Lei e fé: experiência do Espírito, exemplo de Abraão.

3,15-22

Lei e promessa.

3,23-4,31

Escravidão, filiação e liberdade

4,12-20

Paulo e os Gálatas

4,21-31

Agar e Sara

III.                Parte perenética 5,1-6,10

5,1-12

Liberdade cristã.

5,13-26

Guiados pelo Espírito.

6,1-10

Ajuda mútua.

 

Conclusão e despedida

6,11-18 (autógrafo de Paulo)

 

(Bíblia do Peregrino – 3ª Edição – Paulus – 2011)

 

(2ª) SINÓPSE DA CARTA AOS GÁLATAS:

1ª Parte: 1,1-2,21

1,1-10

Introdução: o Evangelho desvirtuado

1,11-2,10

A missão de Paulo aos pagãos

2,11-21

Fato da vida: Pedro e o evangelho de Paulo.

 

2ª Parte: 3,1-6,18

3,1-5

Introdução: o retrocesso dos gálatas.

3,6-4,7

O regime da fé e o da Lei, na história da salvação

4,8-5,12

Exportação: não voltar à escravidão.

5,13-6,10

A verdadeira liberdade, fruto do Espírito.

 

Conclusão: 6,11-18

6,11-18

Conclusão da Carta

 

(Bíblia Sagrada – Tradução Oficial da CNBB – 2ª Edição – 2019)

 

  DESENVOLVIMENTO:   

A ideia é apresentar dados suficientes para reflexão e posterior aprofundamento individual ou como grupo sobre o livro bíblico, não é exaurir a temática num trabalho minucioso e exegético. Sendo assim, o que ora apresento é mais um “colóquio” sobre essa carta paulina.

            A Carta é escrita quando da segunda viagem do Apóstolo Paulo à região da Galácia. Em sua primeira viagem havia constatado significativas experiências de vida de comunidade, verdadeiras e autênticas conversões, tudo estava de acordo com o Evangelho anunciado. Razão pela qual o Apóstolo nutria grande alegria.

Com o passar do tempo foi se perdendo esse espírito comunitário e os cristãos oriundo do judaísmo começaram a pensar que era preciso voltar o seguimento da Lei para que houvesse salvação de fato. O cumprimento da Lei era por demais pesado aos pobres do povo, já explorados em todos os sentidos. Essa volta a observância dos antigos costumes fez com que Paulo escreva carta aos irmãos dessa região da Galácia. De seu próprio punho ele reforça a ideia primeira de que era a fé que garante a salvação e não o cumprimento da Lei. O Cristo morto e ressuscitado havia garantido a salvação de uma vez por todas. Bastava crer nessa verdade. Quando se crê, claro que o comportamento e atitudes também mudam.

Nessa sua Carta, Paulo faz com as comunidade pensem e reflitam sobre alguns pontos que são cruciais: (1) Não há outro Evangelho sem ser o de Jesus Cristo e esse Evangelho já foi anunciado, sua vivência dispensa o cumprimento excessivo de regras e prescrições judaicas;     (2) A salvação oferecida por Jesus é de graça, Ele não nos deve nada, mas nos ama com um amor que ultrapassa nossa compreensão – aquele que é amado, como consequência deve ser capaz de amar; (3) A liberdade cristã é  outro ponto caro ao Apóstolo. Dizer para quem está preso e oprimido sob um fardo pesado que ele irá se salvar só se continuar carregando esse peso é reforçar a ideia de escravidão – a Boa Nova é que em Jesus nós fomos libertos de todo e qualquer jugo. “Cristo nos libertou para que sejamos verdadeiramente livres! (Gl 5,1).

Voltar ao cumprimento da Lei se configura como uma forma de escravidão, já havia tantas que oprimia o povo:

·         Política ditatorial,

·         Pagamento de pesados impostos ao Império Romano,

·         Humilhação constante por serem estrangeiros,

·         Obrigação de adorar os deuses do Império...

     Paulo escreve que os irmãos devem perceber que foram chamados para serem livres. Ele incentiva a todos que vivam essa liberdade oferecida por Jesus no mandamento do amor “Ame seu próximo como a si mesmo”. A Boa Nova de Jesus não substitui o legalismo judaico, mas é o que aproxima os irmãos na prática da justiça e da caridade.

 

 

CONCLUSÃO:

Há uma tendência de interpretar que tudo o que se refere a Lei é algo que deve ser abolido e não colocado em prática, essa tendência é quase subversiva. O escritor sagrado se refere a prática judaizante de impor pesados fardos aos outros e eles mesmos viverem na folga e opulência. Essa prática é condenável em todos os tempos. Quem já não ouviu: “Faça o que mando, mas não faça o que faço”?

A mudança nessa prática gera uma comunidade comprometida com o bem estar de todos. Dessa forma a mensagem do Evangelho liberta a pessoa para viver a única lei estabelecida por Jesus Cristo – a lei do amor, não um amor qualquer, mas o amor ativo que nasce da liberdade e envolve o ser humano em sua totalidade, fazendo com que produza muito mais frutos de justiça que qualquer lei imposta.

Precisamos perceber que nos tornamos um só em Cristo Jesus (Gl 2,28). A comunhão de vontades forma a comunidade. A comunidade que opta pelo seguimento a Jesus Cristo, precisa, livremente, se desvencilhar do cumprimento automático de certas práticas nocivas e deixar que a força do Espírito renove constantemente sua existência.

Não é cada um viver suas dores, angustias e sofrimentos isoladamente, mas fazer a experiência coletiva da bondade, misericórdia e amor de Deus. Ele mesmo quis se revelar como comunidade – Pai, Filho e Espírito Santo.

Que São Paulo nos ajude a viver essa nova realidade que se instala em nós e através de nós no meio que vivemos. Amém!

 

By Prof. Adilson

SUPERANDO TEMPOS DIFÍCEIS


 

=> Reflexão sobre a capacidade humana de superar situações traumáticas.

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Ao pensar sobre a realidade que nos cerca e nossa própria realidade, percebemos situações que nos deixam desencorajados em lutar para que haja transformação. São pessoas, condições sociais e circunstâncias que nos deixam “pra baixo”, frustrados ou até mesmo deprimidos. É aí que devemos reafirmar nossa vontade de superar tudo isso, toda essa situação que nos aflige e nos faz sentir incapacitados para a luta. Podemos e devemos mudar, mas é preciso saber como. Estabelecer uma meta clara, ser resiliente, constante e ter uma mentalidade positiva são alguns dos meios que no ajudarão a alcançar êxito em nossos propósitos e objetivos.

            Esse sentimento de incapacidade se revela em não estar feliz consigo mesma, suas ideias, seu corpo e com o meio em sua volta, esses são alguns gatilhos que disparam o cronômetro para experiências traumáticas. Adotar novas formas de pensamento para desenvolver novas atitudes é essencial. Uma cabeça sã não intoxica o coração com sentimentos menores. Nossa mente está acostumada ou diria, condicionada, a lutar ou fugir diante das ameaças, mas podemos romper esse esquema, podemos criar novos padrões, articular novos métodos, desenvolver novos comportamentos e atitudes.         

Para iniciar esse caminho de superação possível surgem como verbos imprescindíveis para serem conjugados:

  • Querer - realmente libertar-se do conjunto de coisas que te deixam à margem de uma vida saudável.
  • Controlar as situações que atrapalham o seu equilíbrio.

Para crescer no âmbito pessoal é necessário estabelecer uma meta, elaborar a melhor estratégia para alcançá-la e concentrar-se nela. Este é o passo anterior a qualquer ação e no qual se deve investir todo o tempo que for necessário.

Uma vez definida sua meta e como alcançá-la, chega o momento de passar à ação saindo de sua zona de conforto.

ð  O que é zona de conforto?

Podemos compreender essa expressão como sendo uma série de ações, pensamentos e comportamentos que uma pessoa está acostumada a ter e que não a causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco. É uma região onde nenhum indivíduo se sente ameaçado. Na zona de conforto, as pessoas realizam sempre um determinado tipo de comportamento que lhe dá um desempenho constante, porém limitado e com uma sensação de segurança. Essa segurança é uma falsa segurança, uma vez que, quando ocorre uma grande mudança, quem está muito confortável leva um choque maior, e estará menos preparado para sobreviver do que os outros.

  Tendo estabelecido novas metas e objetivos para sua vida, vencido o pavor de sair de sua zona de conforto, é hora de mudar seu jeito de ser e agir. Nada mais de ficar com lamentações sobre o mundo e sobre você mesmo, a prática agora é diferente, o passo a ser dado agora é com “pegada”.

1)    Enxergar a si mesmo dando os passos necessários para conseguir seu objetivo e, consequentemente, alcançando o sucesso, irá ajudá-lo a romper padrões mentais tóxicos, a manter-se motivado e a sentir-se com uma atitude mais natural durante a caminhada.

2)    É fundamental manter uma atitude positiva. É necessário vigiar seus pensamentos, portanto, quando sua cabeça começar a projetar imagens de um velho filme tóxico, corte pela raiz esses pensamentos negativos.

3)    Dedicar alguns minutos por dia para controlar sua respiração aliviar a mente será de grande ajuda quando tiver que enfrentar situações de estresse fora de sua zona de conforto.

4)    O caminho para o sucesso está repleto de erros e obstáculos inesperados. Poucas coisas se conseguem na primeira vez. Não faz mal se você cair, o único problema é não se levantar.

5)    Competir com os demais como se estivesse em uma guerra desgasta. Concentre-se em sua meta e em sua forma de alcançá-la.

6)    Da mesma forma que errar um pênalti deixa uma marca negativa, superar pequenos desafios deixa marcas positivas que reforçarão seus passos para o sucesso.

7)     Não se renda à preguiça ou ao desânimo, você deve avançar para sua meta com a maior regularidade possível. Se todos os dias você mentalizar que alcançará seus objetivos, tal atitude passará a fazer parte de sua personalidade.

8)    É bom recompensar a si mesmo quando consegue pequenas vitórias, pois esses prêmios irão motivá-lo a continuar avançando.


Esteja atento para evitar:

ð  Ser negativo - Se continuar projetando mentalmente filmes em que tudo dá errado, naturalmente tudo vai dar errado.

ð  Esperar de braços cruzados - O sucesso não cai do céu. Se não avançar rumo à meta, ela sempre estará na mesma distância.

ð  Não acreditar na vitória - Se você se convencer de que nunca vai vencer, isso é exatamente o que vai acontecer.

ð  Culpar terceiras pessoas - Você deve ser totalmente responsável pelos seus atos. Culpar os outros de sua situação ruim é a melhor forma de não superá-la.

ð  Não pedir ajuda - Se alguém puder ajudá-lo a alcançar sua meta — amigos, colegas, profissionais, etc. — e você não recorrer a essa pessoa, estará reduzindo suas possibilidades de sucesso. Fazer um caminho de superação pessoal não é incompatível com pedir ajuda.

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Acredito que com essas informações, frutos de leitura e pesquisa em diferentes fontes, acrescidas de minha reflexão pessoal, sirva de contribuição para o seu passo inicial. Que esse passo seja dado com firmeza e determinação.

By Prof. Adilson

 

 

segunda-feira, 18 de março de 2019

O glorioso São José - Pe. Paulo Ricardo

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      Aparentemente, não há muito o que se falar sobre São José, mas isso não é verdade. Há muito o que se falar desse homem que foi o Pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Patriarca da Sagrada Família, o Protetor da Igreja e que recebeu tantos outros títulos. Muitos papas já afirmaram que, depois da Virgem Maria, São José é o maior de todos os santos.
     Outros grandes da Igreja também já testemunharam seu valor, como, por exemplo, Santa Teresa d´Ávila, em seu famoso Livro da Vida. No sexto capítulo, a santa diz que tem uma grande devoção por São José e que nenhum dos seus pedidos a ele jamais foi negado. Não somente isso, ela afirma que São José é o mestre da vida interior e que se alguém não sabe rezar ou não tem um diretor espiritual, deve a ele recorrer, pois ele ensinará. Ora, essa afirmação vinda da doutora mística possui um peso muito grande.
São José está presente desde o início da história do Cristianismo, é evidente. Porém, a devoção à sua figura vem sendo mais amplamente difundida nos últimos duzentos anos, pois inúmeros documentos, encíclicas, decretos e discursos foram emitidos pelos papas, que são, em grande medida, os maiores divulgadores da devoção ao Pai Adotivo de Jesus.
      O bem-aventurado Pio IX, no ano de 1870, proclamou São José como Padroeiro da Igreja Universal, através do Decreto Quemadmodum Deus, em 8 de dezembro. Em seguida instaurou a festa litúrgica, o ofício e os privilégios litúrgicos de São José, através da Carta Apostólica Inclytum Patriarcham, de 7 de julho de 1871. Da leitura desses documentos, percebe-se claramente a motivação do Papa Pio IX em reconhecer São José como padroeiro da Igreja por ele ter sido o protetor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
      Historicamente, quando o papado passou a ser atacado é que começou o movimento dos próprios papas de promover a devoção a São José. E é difícil não notar uma correlação providencial entre as duas coisas, pois foi exatamente quando o mundo quis acabar com a figura do pai espiritual que é o Papa, que eles começaram a propor São José como um pai espiritual. O ataque à Igreja e ao Corpo de Cristo e a escolha de José como protetor remete ao ataque contra Jesus e a Sagrada Família, quando também José foi escolhido por Deus como seu protetor.
     Em seguida, o Papa Leão XIII escreveu a encíclica Quamquam Pluries, em 15 de agosto de 1889, propondo São José como modelo para as famílias cristãs, modelo de esposo e de pai.
O Papa Bento XV, logo após a Primeira Guerra Mundial, publicou o Motu Proprio Bonum Sane, em 25 de julho de 1920, exalando a devoção a São José e dando-a como solução espiritual para os problemas do pós-guerra.
      Já o Papa Pio XI, que viveu a transição entre as duas guerras e o começo da segunda, na encíclica em que trata do comunismo, Divini Redemptoris, de 19 de março de 1937, propõe São José como modelo para os trabalhadores, para os operários.
     Até então não havia a festa litúrgica de São José Operário e foi somente Pio XII que, em 1955, instituiu essa festa, que nasceu para impor uma barreira à onda do comunismo. É por isso que São José não pode ser tido - como querem os teólogos da “libertação” - como ícone do proletário, do trabalhador na luta de classes, pois sua festa nasceu justamente para combater a ideologia comunista.
O Papa João XXIII, em 1961, às portas do Concílio Vaticano II, declarou que São José seria o “Celeste Protetor” do concílio. João Paulo II fez a sua famosa Exortação Apostólica Redemptoris Custos, em 15 de agosto de 1989, que é uma obra-prima de espiritualidade sobre São José.
      É claro que o Papa Bento XVI, sendo “José” ou “Joseph”, de batismo, tem uma grande devoção a São José e foi ele que preparou a introdução do nome de São José nas três orações eucarísticas no Missal Romano posterior ao Concílio Vaticano II. Lembrando que o Papa João XXIII introduziu o nome de São José no Cânon Romano. Cinquenta anos depois, Bento XVI quis introduzir nas demais orações eucarísticas. Os documentos foram preparados, mas com a sua renúncia, não foi possível colocá-los em prática.
      Assim, coube ao Papa Francisco, em maio de 2013, sancionar a introdução do nome de São José no Missal Romano. A devoção de Francisco a São José é tão grande que ele mandou levar de Buenos Aires para Roma uma imagem de São José dormindo. Pode parecer estranha essa imagem, pois é comum vê-lo em pé, com o Menino Jesus no colo ou em atividade, mas ela se explica, pois a Sagrada Escritura ensina que era por meio de sonhos que ele tomava conhecimento dos desígnios do Senhor.
      Todos esses documentos significam que a Igreja reconhece a posição de São José. E alguns pontos devem ser mencionados. O primeiro deles é o relacionamento de São José com Maria, pois algumas pessoas, erradamente, tentando proteger a virgindade de Nossa Senhora, não gostam de falar de São José como Esposo da Virgem. Ora, esse é exatamente o título base de todos os outros: “Esposo”. Realmente, Nossa Senhora era esposa de José.
       A tendência de diminuir a relação esponsalícia de São José é bastante antiga, vide os evangelhos apócrifos que apresentam São José como sendo um senhor idoso, perto dos cem anos, alguém incapaz de ter relações sexuais. Com isso se pretende “provar” a virgindade de Maria.
       No entanto, o Padre José Antonio Bertolin apresenta os argumentos que surgiram após o século XIV, no sentido de que, se São José era mesmo como os apócrifos o apresentam, de nada adiantou o milagre. Se assim fosse realmente, Jesus seria tão somente um filho adulterino, espúrio, um filho sem pai. Não é verdade, pois, que São José estivesse fora da idade de gerar filhos ou que tivesse cem anos de idade.
      Os dados a respeito da sociedade na época de Jesus dão conta de que as pessoas se casavam muito cedo. Portanto, dentro do conhecimento histórico que se tem hoje, a Virgem Santíssima tinha entre 12 e 14 anos quando se casou. Tão logo a menina estava preparada biologicamente para ser mãe, já se casava.
      Esses dados batem com a Tradição que dá conta de que a Virgem Maria teria engravidado em sua primeira ovulação. Jesus foi realmente o primogênito em tudo. Pode parecer estranho para a mentalidade atual imaginar tal situação, mas era a da época.
      Os rapazes, por sua vez, casavam-se com 16, 18 anos de idade. Portanto, José era capaz de ter filhos e também possuía força física capaz de executar a missão que Deus lhe confiou: a de proteger a família que estava iniciando.
      Deus dá as graças necessárias para que a missão dada seja executada com primor. Assim, como José recebeu a maior missão de todas: guardar o Redentor e a Sua Mãe, foi cumulado por Deus com as maiores graças espirituais. Ele é também chamado de o “Terror dos Demônios”, pois, como esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Nosso senhor Jesus, precisava guardar aquela família das insídias de Satanás.
      Dizer que São José é esposo da Virgem Maria não põe em risco a virgindade nem de Nossa Senhora, nem do próprio José. A Igreja olha São José como sendo o “Castíssimo Esposo”, o que se pode observar tanto nos ícones ocidentes quanto nas imagens orientais, em que ele é retratado sempre com um lírio, sinal de pureza virginal.
      Alguns alegam que, porque no casamento de José e Maria não havia sexo, não se tratou realmente de um casamento. Ledo engano. O casamento de ambos serve de modelo para os casais, pois todos devem se amar espiritualmente e expressar o seu amor espiritualmente, antes de expressá-lo no ato sexual.
      Naquela época, o casamento era “arranjado” entre os pais dos pretendentes. Cabia ao noivo dizer se aceitava ou não a moça que lhe era proposta. José aceitou Maria. E então, assinaram os papéis de noivado e entram no período de tempo de um ano que era reservado ao noivado. Foi nesse tempo que Ela recebeu o anjo, disse o “sim” e engravidou.
      Ora, foi nesse momento que José provou seu grande amor por Maria, pois ele poderia ter cancelado o compromisso - a lei o permitia - uma vez que ela ficou grávida e o bebê concebido não era dele. Ele poderia tê-la denunciado para ser apedrejada. Todavia, a Sagrada Escritura afirma que José era um homem justo (cf. Mt 1, 19) e o homem justo quando não sabe, não julga. São José confiava em Nossa Senhora. Ele sabia que ela não mentia, portanto, acreditou e não julgou. E embora tenha ficado perplexo, pois não entendia o que havia acontecido, ainda que acreditasse em Maria, decidiu abandoná-la em segredo, pois ali havia algo maior que a sua capacidade de compreensão. Foi quando, em sonho, recebeu a revelação do anjo.
       No Novo Testamento a palavra “sonhar” aparece poucas vezes e mais da metade delas é atribuída a José. O sonhador. Como José do Egito, o filho de Jacó que também foi agraciado com muitos sonhos. O Decreto de Pio IX, Quemadmodum Deus, afirma:
“Da mesma maneira que Deus havia constituído José, gerado do patriarca Jacó, superintendente de toda a terra do Egito para guardar o trigo para o povo, assim, chegando a plenitude dos tempos, estando para enviar à terra o seu Filho Unigênito Salvador do mundo, escolheu um outro José, do qual o primeiro era figura, o fez Senhor e Príncipe de sua casa e propriedade e o elegeu guarda dos seus tesouros mais preciosos.”
       Logo, a devoção a São José é importantíssima nos tempos de crise, pois como José do Egito guardou o povo de Deus em Israel, agora o novo José guarda a Igreja nascente (Jesus e Maria) e também o povo de Deus espalhado pelo mundo inteiro.
      Já em relação a Jesus, uma reflexão que pouco se faz é de que, se Jesus era igual ao homem em tudo, teria que desenvolver também a sua masculinidade. Jesus encontrou em José a figura masculina de que precisava. E Ele aprende, pois se torna um homem viril.
      Teologicamente falando, o relacionamento de José com o Verbo Encarnado proporcionou que nascessem todos os privilégios de José. Inclusive, José é a única criatura de que se tem notícia que recebeu um título que pertence propriamente a Deus. O Papa Bento XVI, em um de seus discursos, falando sobre São José, ensina:
“Falando à multidão e aos seus discípulos, Jesus declara: ‘Um só é vosso Pai’ (Mt23, 9). Com efeito, não há paternidade fora da de Deus Pai, o único Criador ‘do mundo visível e invisível’. Entretanto foi concedido ao homem, criado à imagem de Deus, participar na única paternidade de Deus (cf. Ef 3, 15). Ilustra-o de maneira surpreendente São José, que é pai sem ter exercido uma paternidade carnal. Não é o pai biológico de Jesus, do Qual só Deus é Pai, e todavia exerce uma paternidade plena e completa.”
      Assim, é da relação de José com Maria e com Jesus que nasce a sua relação com a Igreja. Nós podemos confiar em São José, pois ele continua desempenhando a sua missão de cuidar e proteger o corpo de Cristo que é a Igreja, por isso ele é o patrono da Igreja Universal.
      Um último ponto é a questão da morte de São José, que se deu antes da vida pública de Jesus. Ele é considerado o padroeiro dos moribundos e da boa morte, porque morreu sendo assistido por Jesus e Maria.

Recomendações

segunda-feira, 4 de março de 2019

Refletindo a Palavra: Lc 11, 14-23

Resultado de imagem para todo reino dividido contra si mesmo não subsistirá

(Lc 11, 14-23)

Naquele tempo, Jesus expelia um demônio que era mudo. Tendo o demônio saído, o mudo pôs-se a falar e a multidão ficou admirada.  Mas alguns deles disseram: “Ele expele os demônios por Beelzebul, príncipe dos demônios”.  E para pô-lo à prova, outros lhe pediam um sinal do céu.  Penetrando nos seus pensamentos, disse-lhes Jesus: “Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído e seus edifícios cairão uns sobre os outros. Se, pois, Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que expulso os demônios por Beelzebul. Ora, se é por Beelzebul que expulso os demônios, por quem o expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes! Mas se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus. Quando um homem forte guarda armado a sua casa, estão em segurança os bens que possui. Mas se sobrevier outro mais forte do que ele e o vencer, este lhe tirará todas as armas em que confiava, e repartirá os seus despojos. Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha”. Palavra da Salvação.


Meditando o texto:

Leitor 1- Os inimigos de Jesus perseveram em seu fechamento à mensagem do Evangelho. Nada consegue quebrar as muralhas dos corações endurecidos. Diante do poder manifestado em Jesus, chegam ao máximo da recusa: “É pelo poder do demônio que ele expulsa os demônios!” Jesus argumenta: “Mas se é pelo dedo de Deus… é porque o Reino de Deus já chegou entre vós”.

Leitor 2 – Ao libertar certos homens dos seus males terrenos – da fome, da injustiça, da doença e da morte –, Jesus realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas.

Leitor 3 - A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás: «Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, então é porque o Reino de Deus chegou até vós» (Mt 12, 28). Os exorcismos de Jesus libertam os homens do poder dos demônios. E antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o príncipe deste mundo» (Jo 12, 31).
Leitor 4 – “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa” Como isto acontece na minha e na tua vida?  “Não impeçam! Quem não é contra vocês é a vosso favor!” Como isto acontece na minha e na tua vida? Tu tens ciúmes do bem dos outros, das pessoas, que iniciam a sua caminhada de fé e que se destacam na prática do bem e no anúncio do evangelho?

Rezemos juntos: - Maria, nossa mãe, tomai-nos pela mão e nos conduzi a Deus. Ficai conosco em todos os momentos, pois o vosso amor materno é para sempre. Nas horas difíceis, sede nossa protetora, nos sofrimentos, sede nosso socorro. Pressionados e sem saída, abri-nos a porta das soluções. Dispersos e errantes, amparai-nos com vosso manto. Nas noites escuras, sede nossa estrela-guia. Nas adversidades, não permitais que vacilemos. Conturbações e desalentos jamais perturbem nossa firme confiança em Deus. Retirai de nosso rosto a sombra de tristeza. Nessa era de violência, dai-nos um tempo de graça em que a paz já não seja sonho, mas promessa realizada. Intercedei por nós, ó Virgem, junto ao Pai, que em Jesus se encarnou em vosso seio. Plenificai-nos com os dons do Espírito, fogo divino que vos iluminou. Amém.

Peçamos a Bênção:
Que Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
Que Ele nos mostre a Sua face e se compadeça de nós. Amém.
Que volte para nós o Seu olhar e nos dê a paz. Amém.
Abençoe-nos, Deus misericordioso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.