Setembro: mês da Bíblia. Sendo
que esse ano se comemora os (50) cinquenta anos, ininterruptos, em que a igreja
se debruça em reflexão e estudo de um livro da Bíblia. Nesse ano o tema é a Carta
de São Paulo Apóstolo aos Gálatas e o lema: “pois todos vós sois um só
em Cristo Jesus” (Gl 3,28d), em sintonia com o que incentiva a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Apresento aos Agentes de Pastoral e
Movimentos da Paróquia o material organizado por essa Coordenação, na esperança
que possa ajudar a compreender um pouco mais sobre este escrito sagrado.
Iniciamos apresentando duas possíveis
divisões desse livro, na intenção de facilitar o estudo e a compreensão, há
outras, porém, não distancia das que serão aqui apresentadas. A primeira encontra-se
na Bíblia do Peregrino e a outra conforme a Bíblia Sagrada – Tradução Oficial
da CNBB.
(1ª) SINÓPSE DA
CARTA AOS GÁLATAS:
I.
Parte autobiográfica (1,11-2,21)
1,11-24 |
Formação e vocação de Paulo |
2,1-10 |
Paulo e os outros apóstolos: é reconhecido em sua missão. |
2,11-21 |
Incidente com Pedro em Antioquia. |
II.
Parte doutrinal 3,1-4,31
3,1-14 |
Lei e fé: experiência do Espírito, exemplo de Abraão. |
3,15-22 |
Lei e promessa. |
3,23-4,31 |
Escravidão, filiação e liberdade |
4,12-20 |
Paulo e os Gálatas |
4,21-31 |
Agar e Sara |
III.
Parte perenética 5,1-6,10
5,1-12 |
Liberdade cristã. |
5,13-26 |
Guiados pelo Espírito. |
6,1-10 |
Ajuda mútua. |
Conclusão e despedida |
6,11-18 (autógrafo de Paulo) |
(Bíblia do Peregrino – 3ª Edição – Paulus – 2011)
(2ª) SINÓPSE DA
CARTA AOS GÁLATAS:
1ª Parte: 1,1-2,21 |
|
1,1-10 |
Introdução: o Evangelho desvirtuado |
1,11-2,10 |
A missão de Paulo aos pagãos |
2,11-21 |
Fato da vida: Pedro e o evangelho de Paulo. |
2ª Parte: 3,1-6,18 |
|
3,1-5 |
Introdução: o retrocesso dos gálatas. |
3,6-4,7 |
O regime da fé e o da Lei, na história da salvação |
4,8-5,12 |
Exportação: não voltar à escravidão. |
5,13-6,10 |
A verdadeira liberdade, fruto do Espírito. |
Conclusão: 6,11-18 |
|
6,11-18 |
Conclusão da Carta |
(Bíblia Sagrada – Tradução
Oficial da CNBB – 2ª Edição – 2019)
A ideia é apresentar dados suficientes para reflexão e
posterior aprofundamento individual ou como grupo sobre o livro bíblico, não é
exaurir a temática num trabalho minucioso e exegético. Sendo assim, o que ora
apresento é mais um “colóquio” sobre essa carta paulina.
A Carta é
escrita quando da segunda viagem do Apóstolo Paulo à região da Galácia. Em sua
primeira viagem havia constatado significativas experiências de vida de
comunidade, verdadeiras e autênticas conversões, tudo estava de acordo com o
Evangelho anunciado. Razão pela qual o Apóstolo nutria grande alegria.
Com o passar do tempo foi se perdendo
esse espírito comunitário e os cristãos oriundo do judaísmo começaram a pensar
que era preciso voltar o seguimento da Lei para que houvesse salvação de fato.
O cumprimento da Lei era por demais pesado aos pobres do povo, já explorados em
todos os sentidos. Essa volta a observância dos antigos costumes fez com que
Paulo escreva carta aos irmãos dessa região da Galácia. De seu próprio punho
ele reforça a ideia primeira de que era a fé que garante a salvação e não o
cumprimento da Lei. O Cristo morto e ressuscitado havia garantido a salvação de
uma vez por todas. Bastava crer nessa verdade. Quando se crê, claro que o
comportamento e atitudes também mudam.
Nessa sua Carta, Paulo faz com as
comunidade pensem e reflitam sobre alguns pontos que são cruciais: (1) Não há
outro Evangelho sem ser o de Jesus Cristo e esse Evangelho já foi anunciado,
sua vivência dispensa o cumprimento excessivo de regras e prescrições judaicas;
(2) A salvação oferecida por Jesus é
de graça, Ele não nos deve nada, mas nos ama com um amor que ultrapassa nossa
compreensão – aquele que é amado, como consequência deve ser capaz de amar; (3)
A liberdade cristã é outro ponto caro ao
Apóstolo. Dizer para quem está preso e oprimido sob um fardo pesado que ele irá
se salvar só se continuar carregando esse peso é reforçar a ideia de escravidão
– a Boa Nova é que em Jesus nós fomos libertos de todo e qualquer jugo. “Cristo
nos libertou para que sejamos verdadeiramente livres! (Gl 5,1).
Voltar ao cumprimento da Lei se
configura como uma forma de escravidão, já havia tantas que oprimia o povo:
·
Política
ditatorial,
·
Pagamento
de pesados impostos ao Império Romano,
·
Humilhação
constante por serem estrangeiros,
·
Obrigação
de adorar os deuses do Império...
Paulo escreve que os irmãos devem perceber que foram chamados para serem
livres. Ele incentiva a todos que vivam essa liberdade oferecida por Jesus no
mandamento do amor “Ame seu próximo como a si mesmo”. A Boa Nova de Jesus não
substitui o legalismo judaico, mas é o que aproxima os irmãos na prática da
justiça e da caridade.
CONCLUSÃO:
Há uma tendência de interpretar que
tudo o que se refere a Lei é algo que deve ser abolido e não colocado em
prática, essa tendência é quase subversiva. O escritor sagrado se refere a
prática judaizante de impor pesados fardos aos outros e eles mesmos viverem na
folga e opulência. Essa prática é condenável em todos os tempos. Quem já não
ouviu: “Faça o que mando, mas não faça o que faço”?
A mudança nessa prática gera uma
comunidade comprometida com o bem estar de todos. Dessa forma a mensagem do
Evangelho liberta a pessoa para viver a única lei estabelecida por Jesus Cristo
– a lei do amor, não um amor qualquer, mas o amor ativo que nasce da liberdade
e envolve o ser humano em sua totalidade, fazendo com que produza muito mais
frutos de justiça que qualquer lei imposta.
Precisamos perceber que nos tornamos
um só em Cristo Jesus (Gl 2,28). A comunhão de vontades forma a comunidade. A
comunidade que opta pelo seguimento a Jesus Cristo, precisa, livremente, se
desvencilhar do cumprimento automático de certas práticas nocivas e deixar que
a força do Espírito renove constantemente sua existência.
Não é cada um viver suas dores,
angustias e sofrimentos isoladamente, mas fazer a experiência coletiva da
bondade, misericórdia e amor de Deus. Ele mesmo quis se revelar como comunidade
– Pai, Filho e Espírito Santo.
Que São Paulo nos ajude a viver essa
nova realidade que se instala em nós e através de nós no meio que vivemos.
Amém!
By Prof. Adilson