Santa Maria, Mãe de Deus.
(1º Dia de JANEIRO)
No início de mais um novo ano de oração e
serviço a Deus, a Santa Igreja nos convida a celebrar o mais importante título
com que a Virgem Maria é honrada e aclamada pelos fiéis de todas as épocas e de
todos os lugares: Mãe de Deus.
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 2,
16-21)
“Foram, pois, às pressas a Belém e
encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o
viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino.
Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam.
Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os
pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham
visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito. No oitavo dia, quando
o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado
pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe”.
No dia em
que temos a alegria de começar um novo ano de trabalhos e oração, a Santa Madre
Igreja nos convida a celebrar o mais importante título com que a cristandade,
desde as suas origens, tem honrado a Virgem Maria e, por meio dela, Aquele que
por ela quis vir ao mundo. Referimo-nos à solenidade de Santa Maria, Mãe de
Deus: dia de preceito, dia de mistério, dia de, com os olhos postos em nossa
Mãe Dadivosa, renovarmos todo o conjunto de nossa santa fé católica. Antes,
porém, de vermos quais propósitos a festa de hoje nos pode inspirar, olhemos de
mais perto as doçuras e preciosidades que se escondem sob este tão grande e tão
misterioso título com que a Virgem Santíssima é há séculos aclamada.
Desde
antes de dar seu Filho à luz, Maria foi chamada por Santa Isabel a "mãe de
meu Senhor" (Lc 1, 43). E os evangelistas, por sua vez, não se envergonham
de referir-nos o que a respeito de Cristo pensavam os nazarenos: afinal, não
era Maria sua mãe? (cf. Mt 13, 55). Com efeito, a "mãe de Jesus" (cf.
Jo 2, 1; 19, 25), como carinhosamente lhe chama o discípulo a cujos cuidados
seria confiada (cf. Jo 19, 26s), é sempre mencionada por sua relação Àquele que
"ela concebeu do Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente
seu Filho segundo a carne" (CIC, § 495). Ora, quem é esse Filho, que é
esse fruto bendito senão a própria a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o
Filho eterno a quem o Pai, gerando-o desde sempre, transmite tudo o que é, tudo
o que tem?
Sob o
olhar da fé podemos descobrir aqui a belíssima conveniência dessa maternidade
divina, em razão da qual quis o próprio Deus cumular de graças e enriquecer com
uma santidade singular aquela que escolhera para dar à luz o Redentor. É esta,
pois, uma verdade atestada já por São Paulo: "[...] quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, que nasceu
de uma mulher" (Gl 4, 4): pois do mesmo modo como da substância de
Adão Eva fora formada, ainda virgem e sem pecado, assim também o Cristo haveria
de tomar parte na carne imaculada de Maria, toda pura e sempre intacta. Eis a
justiça, eis a sabedoria com que Deus, servindo-se dos mesmos instrumentos
pelos quais a serpente fê-lo ruir, reergue o gênero humano sobre a humildade da
nova Eva!
Indefectivelmente
fiel à fé recebida dos Apóstolos, a Igreja nunca temeu confessar que Maria é,
de fato, Mãe de Deus (Theotókos). Não porque o Verbo divino, ao fazer-se carne,
tenha nela tido origem, mas porque dela recebeu o santo corpo pelo qual operou
a obra da nossa salvação; não porque a Virgem Deí para tenha gerado a natureza
divina, mas porque deu à luz Cristo, verdadeiro Deus. Mãe de Deus, mãe de Nosso
Senhor, mãe da Cabeça da Igreja: devido a esta grande e amável dignidade, não
pode a Virgem Maria deixar de ser também mãe dos membros de Cristo, mãe nossa,
à cuja proteção devemos recorrer. Mãe de Cristo Rei; rainha, portanto, dos
homens e dos anjos. Mão do Divino Mediador; mediadora, portanto, para todos os
que desejam ir a Jesus e, por meio dele, ao Pai celeste.
Consagremos
o ano que hoje começa aos cuidados desta Mãe admirável. Que ela, pondo-nos sob
a proteção de seu manto maternal, nos preserve do pecado, nos ajude a vencer as
tentações, nos dê força de vontade para querermos ser santos. Que ela nos faça
perseverar, firmes e constantes, no serviço ao Senhor até o dia de nossa morte,
por mais duro e áspero que seja o caminho. Que ao longo deste novo ano possamos
associar-nos às dores da Mãe de Deus, a fim de um dia participarmos, ao seu
lado, das alegrias que a sua divina maternidade conquistou para todos os
redimidos pelo sangue de Cristo!
(Pe. Paulo Ricardo)
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