Maria no Evangelho de Lucas
Maria
é apresentada no evangelho de Lucas como aquela que foi a primeira discípula de
Cristo e também como o exemplo maior para toda a cristandade, pois é aquela que
ouve atentamente a palavra de Deus, com muita fé e a guarda, colocando em
prática posteriormente.
Ao
perceber que havia sido escolhida para missão tão especial, trazer ao mundo o
Salvador, Maria não recua e diz sim ao chamado de Deus, mesmo com a grande
dificuldade inicial que poderia colocar dúvidas em sua cabeça a respeito deste
acontecimento. Ela questiona, com propriedade, como poderia realizar obra de
tal magnitude pois não havia realizado a conjunção carnal com nenhum homem.
Mas, este é um dilema que logo é vencido, pois Maria compreende que para a
vontade de Deus não existem limites.
Desta
forma, Maria confiou plenamente e disse sim ao projeto salvífico e torna-se
referência.
Com
este exemplo, Maria se torna um guia para todo o cristão, pois foi justamente a
primeira a acreditar na vinda do messias e que poderia trazê-lo ao mundo,
ajudando em sua educação, o criando como uma boa mãe. É notória a observação de
Santo Agostinho que diz que Maria concebeu Jesus primeiro em seu coração e
depois em seu ventre.
Ela
sentiu-se chamada a participar desta magnífica obra e participou com toda a sua
coragem, com toda a sua fé, tornando-se inclusive uma missionária, a primeira,
pois enquanto levava Jesus em seu ventre já vai visitar sua parente Isabel e
levar um pouco da graça de Deus que se derramara sobre sua pessoa bem-aventurada
com o objetivo de dividir tamanha graça com a humanidade.
Estas
características demonstram claramente a visão do evangelista Lucas em relação à
mulher Maria, esta que foi a escolhida para ser a mãe de Jesus. É uma atenta
ouvinte da palavra de Deus, que guarda e frutifica esta mesma palavra. Faz
memória a partir dos desígnios de Deus e dos ensinamentos de seu filho Jesus.
Quando
este faz o rompimento necessário com sua família terrena para mostrar quais os
vínculos realmente importantes aos olhos de Deus e poder se dedicar
integralmente ao anúncio do Reino de Deus, ela deixa de ser apenas a mãe de
Jesus e passa a ser uma irmã, que está ali, depois de ter educado o filho,
agora para aprender os preciosos ensinamentos daquele que veio para salvar a
humanidade. E ela faz isto justamente ouvindo com atenção a Sua palavra e
meditando profundamente a respeito dela, guardando-a dentro de si e levando
adiante, assim como deve agir o verdadeiro discípulo de Cristo. Ela procura
desvendar o sentido destas palavras, o que comprova sua determinação em
compreendê-las a fundo para melhor segui-las. Ela é uma missionária que reflete
acerca da palavra.
Tão
importante quanto estes aspectos da personalidade de Maria destacados por
Lucas, não podemos nos esquecer do cântico Magnificat.
Dada
a importância que Lucas coloca em seu texto de mostrar a preferência de Deus
pelos pobres vamos encontrar nesta passagem, atribuída à Maria, uma bela
defesa, partida por uma serva fiel do Senhor, daqueles que são humildes e de
que o Reino de Deus é mais facilmente atingido por eles. Maria, através do
Magnificat, nos diz que as injustiças terão fim com Deus e que a fé é
fundamental neste processo.
Por
tudo isto, podemos concluir que Maria é o exemplo acabado do seguidor de Cristo
o qual devemos todos nos espelhar. Ela ouve atentamente, não somente ouvindo,
mas escutando e guardando com carinho tudo em seu coração de mãe de Cristo e
irmã dos cristãos, fazendo que estes ensinamentos frutifiquem ao longo da
travessia de fé. Ao mesmo tempo, Maria é peregrina, leva esta palavra adiante,
sai pelo mundo, como deve fazer o cristão, espalhando a palavra de Deus. E por
fim, Maria indica a preferência de Deus pelos humildes e faz acreditar com mais
força que as injustiças terão fim e os homens poderão viver irmanadamente.
Fonte:
Eduardo Freitas - <http://mariologiapucrs.blogspot.com>